quinta-feira, 26 de junho de 2008

Marmita esmagada!!!


Dia 25 de junho, quarta-feira, dia do meu rodízio, frio de doer os ossos. Durante minha fuga pra atravessar Av. dos Bandeirantes antes das 17:00hs...a tempo de não levar multa, percebo o carro engasgando, vejo o ponteiro do combústivel na reserva. Mas com a energia positiva que mentalizei, mesmo com o carro empacando, consegui atravessar a avenida a tempo de não levar prejuízo e pontinhos na carteira .
Chegando próximo a minha casa, paro no posto pra abastecer e calibrar os pneus, quando penso em dar partida..quem disse que o carro funciona!! Resumindo...pedi socorro para um mecânico próximo..ele fez de tudo... e nada do carro funcionar.
E lá fui eu dentro do carro sendo guinchado até o mecânico. Minha preocupação na hora..era como seria no dia seguinte pra ir trabalhar. Ok, eu uma quase "atRéta" pensei em ir pedalando, mas chegar na casa do meu aluno suada não seria uma forma apresentável de lhe dar bom dia. Pois bem, sendo assim, resolvi ir trabalhar de busão!!!!
Hoje dia 26/06 - 5:20 da manhã o relógio despertou mais cedo do que o normal, tomei meu café e ainda escuro sai destino ao ponto de ônibus, fazia muito tempo que não ia trabalhar de ônibus...muiiiiiiiiiito tempo mesmo...isso foi a 12 anos.
Não sabia qual "bus" pegar, o valor da passagem e nem se daria tempo de chegar no horário combinado com o aluno....mas tudo foi dando certo, tive que pegar dois ônibus pra chegar na Av. Cidade Jardim. Poxa, fiquei surpreendida.....busão vazio, nada de trânsito, talvez por ser muito cedo? será?
Durante o trajeto comecei a lembrar da minha antiga rotina dentro de uma "caixa móvel". Lembro-me bem, como se fosse hoje... ônibus lotado, pessoas demais em um espaço muito limitado. Ronco de pessoas que dormiam, choro de criança , nariz fungando pessoas comendo coisas estranhas , tiques nervosos, pessoas falando alto , e pra levantar do banco quando sentava do lado da janela? Lembro que passava com o meu popô que nunca foi pequeno na cara da pessoa sentada ao lado e/ou praticamente no colo da mesma. E os odores? cheiro do resto da marmita esmagada, falta de banho, cigarro, peido. É , os odores ficavam perdidos pelo ar, não tinha pra onde ir e muito menos nós, como fugir? Prender a respiração? E as encoxadas? Ah não tinha como escapar! Era praticamente uma orgia, peitadas, bundadas e pintadas por todo canto...
Mas pra quem não sabe, dentro do ônibus existe muito calor humano, na verdade é muito lindo o amor que une e gruda as pessoas... risos
Melhor ainda era a emoção de sair dele de dentro dessa caixa móvel ambulante....chegava lembrar da hora em que nasci, a experiência lembrava muito o momento em que vi a luz pela primeira vez.
É, hoje encarei o transporte com tranquilidade, sabia que seria apenas hoje...e que amanhã já estarei com meu super Kaquinha ou Ka-bala que me leva por ai tudo.... adorei o desafio e lembrar do passado, mesmo com tanto aperto e odor!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Meu olhar na Maratona





São paulo, 1 de junho .


Domingo chuvoso, preguiçoso...dia de ficar até mais tarde na cama..dia pra não fazer nada o dia todo. Mesmo assim venci a preguiça e levantei cedo...meio atrasada, correndo me arrumei pra ir de bicicleta participar da maratona internacional de são paulo. Fui pedalando a a largada ( 8km da minha casa) foi na nova Ponte, próximo a Espraiadas. Haviam poucos ciclistas, a maioria treinadores acompanhando alguns atletas, logo que cheguei já fiquei feliz, ver aquela imensidão de pessoas juntas, correndo, dando o melhor de si, superando dores, frio...vento e a garoa que incomodava. Me emociona ver tanta gente praticando saúde , é uma energia muito boa...pessoas que se cuidam, se gostam, se amam e por isso estão lá desafiando o limite do seu corpo, procurando sempre fazer o melhor tempo . No meio de tanta gente pude presenciar várias situações...o atleta com dor parando a competição...pessoas correndo com a postura completamente errada e tênis impróprio pra corrida, marido e mulher juntos..treinadores guiando atletas com deficiência visual. Por partes sentia a tensão das pessoas..muitos super concentrados , sérios e focados apenas em chegar ao final , mas muitos gritavam, cantavam, até conversavam sobre a queda do dólar e a bolsa de valores, ou vi conversas de todos os tipos, mulheres falando mau de homens, turma de amigos comentando sobre a próxima corrida...nossa quanto entusiasmo. Vou dizer que nunca havia visto tanta gente fazer xixi na rua ao mesmo tempo...ninguém se preocupava em mostrar as partes intimas..era pipi pra cá, pipi pra lá o tempo todo, mas olhei discretamente... isso não é novidade pra mim...risos. Mulheres não vi..talvez usaram os banheiros químicos, ou fizeram nas calças?


Engraçado foi ver o trânsito de motoristas em algumas partes do percurso. Olhavam assustados como quem diz " quanta gente louca, correndo na chuva " AHHHH, ai que eles se enganam, loucos são eles , que coragem pegar trânsito em pleno Domingo e ainda por cima engordando, dirigir carro não perde calorias, causa estresse e por isso ainda causa mais fome...muitos ali deviam estar indo comer aquela macarronada de domingo com a família, pode ter certeza!! Nada contra, também cometo o pecado da gula , mas ao menos prático atividades. No Brasil o indice do sedentárismo ainda é muito grande, por isso fiço o comentário , “Mudar o estilo de vida do brasileiro é o maior desafio” .


Mas voltando a maratona...o mais interessante de tudo aconteceu aos 14km, encontrei um senhor atleta que brecou sua corrida e começou a caminhar. Olhei pra ele e motivei com palavras " vamos, vamos, não para de correr, continua trotando, mesmo devagar" Ele pediu então pra que eu o estimulasse pedalando ao lado dele, e assim foi até os 26km, ele se apresentou , Deosete Vasconcellos, 61 anos, ex boxeador, contou sobre suas lutas, sobre as aulas de boxe que deu em Cuba, e o mais emocionante de tudo...ele estaria completando a 44º prova. Encherguei nele um exemplo de vida, esforço, dedicação, auto-estima, amor pelo próprio corpo. Ele me disse que com a idade dele, era consciente de seus limites e que a corrida pra ele era uma grande luta, chegar até o final era vencer seu maior rival ...a chegada. Algumas vezes ele parava pra caminhar, descansar..levava com ele uvas passas e energéticos em gel. Poxa, como foi interessante conhecer Deosete. Quando segui o percurso sozinha, ele me agradeceu contente, disse que havia o ajudado muito, que teria mais uma história pra contar...É Deosete, eu também agora tenho outra história pra contar e melhor, tenho ainda um bom exemplo pra levar pro resto da minha vida. Me despedi de Deosete nos e continuei pedalando "sozinha", fazia muiiiito tempo que não pedalava e confesso que teve horas que subidinhas eram desafiantes e não foi fácil, ...mesmo assim as pessoas motivavam também os ciclistas..pois vi alguns parando de pedalar e caminhando, empurrando a bicicleta. Não tenho vontade de correr 42km, gosto das provas de 10km, esta no meu limite , dentro do meu prazer pela corrida, depois disso as dores começam se manifestar de forma chata, incomoda.


Por fim, cheguei...música alta, muitas pessoas assistindo os atletas chegarem, batendo palmas...esperando seus conhecidos...parentes, amigos. pessoas se abraçando...mutios emocionados, atletas agradecendo seus treinadores...muitos chegando mancando , machucados mas a superação pra muitos falou mais alto. Achei lindo quando uma senhora aparentemente com seus 55 anos abraçava seu marido e seu filho que a esperava. Eles deram um abraço forte , pude perceber o orgulho... ela disse exausta " isso é coisa de doido, não é pra mim" provavelmente foi a primeira maratona que participava. Que bonita cena...quanta energia pude presenciar...como valeu a pena vencer a manhã do domingo chuvoso, poder acrescentar tantos bons exemplos para minha vida. De lá fui comemorar a minha " maratona ciclistica" risos... fui ao show da Macy Gray no parque Villa Lobos, venci mais um desafio, estava cansada e com frio, mesmo assim fui pedalando até lá..e valeu muito a pena...a maratona terminou com boa música, estilosa, sensual e estigante...dei até uma dançadinha para aquecer o corpo e mais ainda o coração. Como é bom sentir o nosso corpo, me sinto viva e feliz.